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01 setembro 2021

PF investiga se Palácio do Planalto financiou manifestações do 7 de Setembro

Fontes ouvidas pelo Correio confirmam que caminhoneiro conhecido como Zé Trovão se encontrou com o general Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional
(crédito: Reprodução / Redes Sociais)

A Polícia Federal apura se o Palácio do Planalto tem algum envolvimento com a organização e o financiamento das manifestações para o 7 de Setembro em apoio ao presidente Jair Bolsonaro e contra o Supremo Tribunal Federal (STF). O tema ainda é sensível dentro da corporação, e a PF só deve divulgar detalhes quando a investigação for concluída. Fontes ouvidas pelo Correio confirmaram que o caminhoneiro Marcos Antônio Pereira Gomes, conhecido como Zé Trovão, teve encontros com o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, e com o ministro do Turismo, Gilson Machado.

O advogado constitucionalista Nauê Bernardo de Azevedo explicou que a suposta participação ativa do Planalto pode significar uma incitação contra os outros Poderes. "É uma infração que pode representar ataque direto à democracia e às instituições democráticas", ressaltou. "Especialmente se esses atos pedem o fechamento de instituições e uma suposta 'intervenção com Bolsonaro no poder', o que é inconstitucional."

Para o advogado Karlos Gad Gomes, especialista em direito público, a reunião de líderes do movimento com pessoas do governo, em data próxima à das manifestações, causa estranheza. "Se ficar constatado que houve aplicação de dinheiro público para tal fim, os responsáveis podem vir a incorrer em crime de responsabilidade e até responderem na esfera penal por crime contra a administração pública", observou.

Entenda

A PF investiga supostas incitações de violência contra o STF, após vídeos e postagens viralizarem nas redes sociais. Políticos, cantores, empresários e blogueiros estariam envolvidos. Eles convocaram a população para protestos na Esplanada dos Ministérios, em 7 de setembro, cobrando a saída imediata dos ministros da Corte. O cantor e ex-deputado Sérgio Reis chegou a divulgar um áudio chamando para uma "paralisação geral" dos caminhoneiros no país.

Com a repercussão negativa, o artista disse que se arrependeu. No entanto, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, autorizou mandados de busca e apreensão contra os envolvidos, atendendo a um pedido da subprocuradora Lindôra Araújo, da Procuradoria-Geral da República (PGR).

Veja quem são os investigados pela Polícia Federal pelas incitações ao 7 de Setembro:

Sérgio Bavini (o cantor Sérgio Reis, no nome artístico)

Foi deputado federal em 2014, pelo PRB de São Paulo. O cantor gravou um vídeo polêmico em que aparece convocando caminhoneiros para realizarem paralisações em todo o Brasil com o objetivo de pressionar o Supremo, dias antes do feriado de 7 de Setembro. Após o material viralizar e ter repercussão negativa, ele disse que se arrependeu, mas virou alvo das investigações.

Otoni Moura de Paulo Júnior, o deputado federal Otoni de Paula (PSC-RJ)

É, também, pastor evangélico. Em 2018, foi eleito deputado federal pelo Rio de Janeiro com 120.498 votos. O parlamentar é apontado na investigação da Procuradoria-Geral da República (PGR) como um possível membro do núcleo político do movimento que, nas redes sociais, sugeria usar o ato de 7 de Setembro para consolidar ameaças ao STF e ao Congresso.

Marcos Antônio Pereira Gomes, o Zé Trovão

O caminhoneiro é dono do canal no YouTube "Zé Trovão a voz das estradas". A investigação aponta que postagens e vídeos publicados na internet demonstram que ele teria convocado a população a praticar atos criminosos e violentos.

Alexandre Urbano Raitz Petersen

O empresário de Joinville (SC) é conhecido por ser presidente de uma associação civil de "defesa de direitos sociais". Segundo a PGR, ele teria recebido doações por meio de transferências bancárias para financiar o movimento.

Antônio Galvan, presidente da Aprosoja Brasil
O presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja aparece em um vídeo, na sede da entidade, em Brasília, ao lado de Sérgio Reis, discursando pela mobilização. A PGR o aponta como um dos financiadores do movimento.

Bruno Henrique Semczeszm

É articulista do site "Brasil Livre" e, de acordo com a Procuradoria, simpatizante da Sociedade de Defesa da Tradição, Família e Propriedade. O bolsonarista teria dito que alertou as Forças Armadas do ato de 7 de setembro. Num vídeo publicado em canal no YouTube, em 12 de agosto, Semczeszm afirma que "uma equipe do movimento 7 de Setembro entregou em Brasília um documento oficial informando os comandantes das Forças Armadas sobre a realização do evento".

Eduardo Oliveira Araújo, cantor

O artista que integrou a Jovem Guarda aparece em vídeo no qual Sérgio Reis incentiva a mobilização.
Turíbio Torres
Suspeito de pertencer ao núcleo operacional, com papel ativo na montagem das caravanas e intermediação de contatos políticos, além da logística de acampamento.
Juliano da Silva Martins
Seria integrante do núcleo operacional com um papel ativo na organização.

Wellington Macedo de Souza

O jornalista, coordenador da "Marcha da Família", divulgou um vídeo convidando a população para o ato em Brasília.

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