Um total de 40 municípios do Piauí já
registrou mais de 100 casos de micose pulmonar, transmitida por um fungo
que reside no solo. O fungo fica depositado no tatu, animal silvestre
muito consumido e comercializado e que, ao ser capturado por seres
humanos, transmite a doença. "Esses casos são uma mescla, entre o manejo
do tatu e escavação de poços tubulares", explica Fabiano Pessoa, médico
veterinário e responsável pelo Centro de Triagem de Animais Silvestres
(CETAS) do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis (Ibama).
No Piauí, é comum, sobretudo nas
estradas no Sul do Estado, o comércio ilegal de caças como o tatu e
outros animais silvestres. O manejo e consumo do animal, além de crime
ambiental, podem transmitir diversas doenças para os seres humanos. O
Ibama faz um alerta para que a população não consuma carne de tatu, que
pode provocar micose pulmonar e, de acordo com pesquisas recentes nos
Estados Unidos e Espírito Santo, no Brasil, os bichos são depósitos de
micóbrio transmissor da hanseníase.
Além disso, o tatu ainda é
reservatório da Doença de Chagas e de outras verminoses. No Piauí, ainda
não há registros comprovados de casos de hanseníase que tenham ligação
com o manejo e consumo do tatu. "Não temos porque não há pesquisas
conclusivas nesse campo ainda. Mas estamos fazendo esse alerta,
justamente para que possamos nos prevenir para que casos venham
acontecer", diz Fabiano Pessoa.
Uma pesquisa desenvolvida nos Estados
Unidos, pelo pesquisador Richard W. Truman, comprovou que cerca de um
terço dos casos de hanseníase que aparecem a cada ano no país é
resultado do contato com tatus infectados. No Brasil, um estudo
semelhante foi realizado no Espírito Santo e mais de 90% dos casos
analisados na rede hospitalar no Estado estavam relacionados à
manipulação do tatu.
O Ibama alerta ainda sobre a
existência de mais de 150 doenças que podem ser transmitidas de animais
para seres humanos e vice-versa, conhecidas como zoonoses. Pelo menos
70% das doenças infecciosas, como gripe e Aids, podem ser transmitidas
de animais para humanos, mas no caso da hanseníase, um aspecto
diferenciado é que a transferência do bacilo pode se dá nas duas
direções.
Esses animais, quando em seu habitat
natural, exercem papel importante no processo de manutenção do
equilíbrio ambiental, sendo pequenas as chances de transmissão de suas
doenças aos seres humanos. No entanto, quando adquirido do tráfico e
levado as residências, o risco de contaminação por inúmeros agentes
infecciosos assume níveis elevados, devido ao contato direto entre o ser
humano e animal silvestre.
As ações de combate ao tráfico são
atividades cotidianas do Ibama, Polícia Ambiental, secretarias de Meio
Ambiente e Polícia Rodoviária Federal. Em 2011, foram capturados e
entregues voluntariamente 1689 animais. O número é superior ao ano
passado, que contabilizou 1335 animais. Desse total, a grande maioria é
de aves (84%), seguidos por répteis e mamíferos. Fabiano Pessoa explica
que entre as aves mais comuns estão os papagaios, periquitos, jandaia e
pássaros de canto. Entre os répteis, o jabuti é o mais comum e os
macacos são os mamíferos mais frequentemente capturados.
Com informações do Brasil 247.com
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