As pessoas estão constantemente buscando identificações, mostram o que querem mostrar, aquilo que julgam que irá causar conexão e aceitação, mas falar sobre saúde mental nunca foi tão importante como nos dias de hoje. Essa era onde nos conectamos de forma tão rápida com pessoas de todo mundo, reflete algo que transparece em nossas relações.
Psicólogo Lino Veras
As pessoas têm pressa para amar, para deixarem de sofrer, para serem promovidas no trabalho, resolver seus conflitos emocionais e pressa de serem felizes. Muitos conhecem a felicidade mais pela sua ausência do que pela sua presença!
É frequente frases de pessoas dizendo que "querem ser felizes, que estão à procura da felicidade e seu maior sonho é um dia ser feliz". Nesse tempo de modernidade onde as pessoas tem tempo para tudo e para todos, elas acabam esquecendo de tirar um tempo para si.
Por algum motivo deixam de pensar em si para colocar o outro em primeiro lugar, talvez isso reflete o medo da rejeição, pois quando você decide ser quem você deseja ser, isso implica perder amizades, familiares e ambientes, e claro, isso causa angústia, sofrimento, por isso, muitos preferem se submeter ao que o outro idealizou dela, tentando se encaixar de todas as formas às necessidades e desejos do outro, e acaba deixando de viver para si.
Imagem: internet
Sabe, é aquela situação quando o adolescente quer ser professor e os pais dizem, "esse aí será um futuro médico. O adolescente por algum motivo consciente ou inconscientemente para não perder a admiração e amor, acaba vivendo os desejos dos pais, porque sustentar o que se deseja, ser um professor, implica deixar de lado o desejo de quem ele ama. Esse é apenas um pequeno exemplo das inúmeras situações e histórias que nos acompanham durante nossa vida.
Nesse mês onde falamos sobre a saúde mental em alusão ao janeiro branco, fica aquela pergunta: o que você tem feito para você e sua vida? Isso nos faz pensar se o que estamos fazendo, estamos fazendo para nós mesmos ou para agradar quem amamos. Isso parece ser uma morte em vida.
Amor próprio não é orgulho, priorizar sua vida, seus sonhos e planos, não é egoísmo. Pense comigo, ninguém vai viver o que você vive, ninguém vai passar o que você está passando e ninguém vai sentir o que você está sentindo, isso é uma experiência particular e única de cada um de nós. Cuidar da saúde mental é um cuidado diário. Ir na academia não é terapia, ir para praia não é terapia, sair com os amigos, viajar, ir no cinema, ir para uma festa e se divertir, isso não é terapia. Devemos parar de banalizar o cuidado com a nossa saúde mental, cuidar dela, vai muito além disso.
A psicoterapia não está disponível somente para quem tem transtornos mentais ou está em uma situação insuportável de dor e sofrimento. A psicoterapia tem seu efeito preventivo, imagine se você puder se conhecer mais a fundo, conhecer suas emoções, seus desejos, suas ambições e tudo aquilo que as vezes vem à sua mente, mas que, por vergonha, receio ou culpa, acaba rejeitando isso dos seus pensamentos. Fazer terapia não é ficar isento da dor, mas é ter a oportunidade de ter uma percepção diferente, madura e significativa diante daquilo que causa desconforto. Como dizia Sartre, "não é o que me acontece, mas o que eu faço com o que me acontece".
Algumas coisas na sua vida não estão no seu controle, mas a forma como você vai lidar e as decisões que você irá tomar, essas estão em suas mãos. Fazer terapia é sair do lado raso da vida e mergulhar em algum lugar desconhecido dentro de si.
Que nesse janeiro branco possamos pensar mais em nossa saúde mental, reconhecendo nossas limitações e saber o momento que devemos pedir ajuda, afinal, podemos ter nossa autonomia, mas nunca seremos autossuficientes. Por isso, em vez de colocar um ponto final na sua vida, coloque uma vírgula e recomece, sua história é linda e você é a melhor parte dela.
Texto: Lino Véras ( psicólogo, hipnoterapeuta e palestrante)
Nenhum comentário:
Postar um comentário