Cococi/CE: será mesmo uma cidade fantasma?

Logo na entrada da cidade de Cococi percebe-se que o local está em ruínas e quase totalmente abandonada se não fosse seis habitantes que pertencem a duas famílias diferentes que continuam morando por lá. Até a chegada ao local não foi fácil. Estrada de piçarra com pedra, e alguns caminhos errados e com ajuda dos moradores chegamos à parada final.

Acreditem, o local chegou a abrigar quase quatro mil pessoas. A cidade já teve hotel, cartório, prefeitura, Câmara de Vereadores, farmácia e até delegacia de Polícia. E hoje os prédios estão abandonados e o mato tomando de conta , e outros com partes estruturais comprometidas e sem telhados inexistentes,

O que parece que não existe ninguém em Cococi pode não ter vida própria, mas habitantes duas casas habitadas pelas famílias, a igreja tricenarianaria que permanece em uso com missa sempre no 4• domingo do mês, e uma escola.

A cidade foi fundada em 1708, ano que a família Feitosa resolveu ir morar no local. Localizado a cerca de 500 quilômetros de Fortaleza, no Ceará, Cococi foi por décadas distrito de outros municípios, mas em 1957 a cidade foi elevada à condição de município.

Casa do prefeito Lourenço Alves Feitosa

O primeiro prefeito de Cococi foi Lourenço Alves Feitosa, que era filho do Major Eufrásio Alves Feitosa. O segundo prefeito foi Leandro Custódio de Oliveira e Castro, sobrinho de Eufrásio. O terceiro e último prefeito foi o próprio Eufrásio que não concluiu seu mandato.

Imagem do tumulo de Eufrásio Alves Feitosa

Após 13 anos, a cidade voltou a ser distrito e foi incorporada à cidade de Parambu, a extinção aconteceu em Setembro de 1970.

Na época, a família proprietária foi acusada de embolsar recursos da União que eram enviados para o município e hoje é distrito do mínimo de Parambu.

Dona Maria Clemilda Lobo, de 52 anos, nasceu após a extinção do município no ano 1971, e sempre viveu em Cococi. Ela mora há 18 anos na casa que era do Feitosa.

Na nossa chegada ela foi bem receptiva e nos recebeu com alegria de conversar sobre Cococi e ainda nos preparou um cafezinho para a prosa ficar melhor.

Ela conta que ao fim do município, a população foi deixando a cidade em busca de novas oportunidades devido à seca. Do outro lado da rua mora outra família com quatro pessoas.

Imagem da casa que reside a segunda família

Clenilda vive com neto de 12 anos, Laércio, e se divide com o trabalho na escola que foi construída há pouco anos. Atende 8 crianças de localidades próximas, e conta com uma professora e duas auxiliares.

Apesar das ruínas, Cococi resiste e mantém sua história, por meio da única igreja da cidade que ainda hoje celebra a novena a Nossa Senhora Imaculada da Conceição, que começa no dia 29 de novembro com encerramento da padroeira que é celebrada em 8 de dezembro. Neste período, o povoado sai do silêncio e recebe pessoas de vários locais para manter viva a tradução de uma cidade quase fantasma, que neste período ganha muito visitantes. A igreja se encaminha para 300 anos.

Imagem de onde funcionava o posto fiscal

Além das ruínas, as famílias têm dificuldade de água, ou esperam o carro pipa ou tem que buscar água em outras localidades próximas.

Também existe o imaginário popular que a cidade foi amaldiçoada por um padre depois de o religioso discutir com uma família importante do lugar. Tamanha teria sido a maldição que, quando um dos filhos mais velhos morreu, ele teria se transformado em serpente. Há muitas lendas de aparições no cemitério e até explosões em túmulos, mas nada devidamente comprovado.

Realmente olhar para Cococi como uma cidade Fantasma tem atraindo a curiosidade de várias pessoas, inclusive do Portal do Águia que esteve lá e viu tudo de perto.