Após denúncia do Programa do Águia, MP entra em ação e pede cancelamento do “Festejo do Povo” em Cocal - Portal do Águia - Portal de Noticias do Piauí

NOTÍCIAS

6 de agosto de 2025

Após denúncia do Programa do Águia, MP entra em ação e pede cancelamento do “Festejo do Povo” em Cocal

Evento com artistas nacionais teria custo milionário em município que declarou calamidade financeira
Após denúncias veiculadas no canal Programa do Águia, no YouTube — que já ultrapassa a marca de 6 mil inscritos — o Ministério Público do Estado do Piauí (MPPI), por meio da Promotoria de Justiça de Cocal, ajuizou uma Ação Civil Pública com pedido de tutela de urgência para suspender imediatamente a realização do evento “Festejo do Povo”, previsto para ocorrer entre os dias 11 e 14 de agosto de 2025, em Cocal da Estação (PI).

Segundo o MP, há graves indícios de irregularidades nas contratações milionárias de artistas, uso indevido de recursos públicos e promoção pessoal do prefeito Cristiano Felippe de Melo Britto (Republicanos) e da primeira-dama Lívia Janaína Monção Leodido Britto. Os contratos com artistas como DJ Alok, Natanzinho Lima, Xand Avião, Zé Vaqueiro e Meninos de Barão somam mais de R$ 3 milhões.
Crise financeira e festas milionárias

A ação se baseia no fato de que a própria Prefeitura de Cocal decretou estado de calamidade financeira recentemente, alegando grave crise fiscal e dificuldades para manter os serviços públicos essenciais — como saúde, educação, fornecimento de água e assistência social.

Diante desse cenário, o Ministério Público classificou como inadmissível o investimento de cifras milionárias em eventos festivos. Em nota, a Promotoria afirmou:

“Não se pode admitir gastos milionários com festas quando a população sofre com precariedade na saúde, educação, fornecimento de água, meio ambiente e proteção à infância.”


Além do aspecto financeiro, o MP apontou ilegalidades formais nas contratações artísticas: ausência de critérios objetivos de escolha, indícios de direcionamento e dispensa indevida de licitação, o que fere os princípios da legalidade, moralidade, eficiência, razoabilidade e proporcionalidade previstos na Constituição.
Promoção pessoal com dinheiro público

Outro ponto crítico da ação é a promoção pessoal do prefeito e sua esposa com dinheiro público. Imagens do casal foram utilizadas em outdoors e materiais publicitários oficiais do evento, o que viola o princípio da impessoalidade, previsto no artigo 37 da Constituição Federal.

O Ministério Público pediu a retirada imediata das imagens do casal de todo o material publicitário, sob pena de multa de R$ 50 mil. Também requer a remoção de publicações nas redes sociais e sites institucionais que contenham autopromoção.
Contratos sob investigação

Estão sendo investigados os contratos de nº 26/2025, 32/2025, 33/2025 e 35/2025, sendo que aproximadamente 50% dos valores já teriam sido antecipadamente pagos pela gestão municipal.

A Promotoria exige que a Prefeitura informe, em até 24 horas, se houve pagamento efetivo aos artistas e apresente cópias integrais dos contratos firmados.

Precedentes no STJ e risco de dano ao erário

Na argumentação jurídica, o MPPI cita decisões do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e do Supremo Tribunal Federal (STF) que reconhecem a possibilidade de suspensão de contratos e eventos públicos quando há risco de dano irreparável aos cofres públicos e desvio de finalidade. O ministro Humberto Martins, por exemplo, já suspendeu eventos em municípios com crises semelhantes, destacando que a medida é necessária para preservar a ordem administrativa.

O que pede o Ministério Público:

Cancelamento imediato do evento “Festejo do Povo”;

Suspensão de todos os contratos e pagamentos a artistas;

Retirada de outdoors e publicidades com imagem do prefeito e da primeira-dama;

Proibição de novas veiculações de propaganda com promoção pessoal;

Multa de até R$ 3 milhões em caso de descumprimento da liminar;

Remoção de publicações nas redes sociais institucionais;

Condenação da Prefeitura às custas processuais e anulação definitiva dos contratos.

Ação segue na Justiça

A Ação Civil Pública, que tem valor estimado em R$ 1.840.000,00, foi protocolada pelo promotor de Justiça Hérson Luís de Sousa Galvão Rodrigues, responsável pela comarca de Cocal, e já tramita na Vara Única da Comarca de Cocal/PI.

Com a medida, o Ministério Público busca evitar o que classifica como um grave desperdício de recursos públicos em um momento de crise, além de coibir o uso político da máquina pública para promoção pessoal de gestores.

Agora, cabe à Justiça decidir se o evento poderá ou não acontecer — e se os contratos milionários firmados pela Prefeitura com os artistas serão mantidos ou anulados. Enquanto isso, a população de Cocal segue atenta e aguardando uma resposta que coloque o interesse público em primeiro lugar.

Nenhum comentário: