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14 de agosto de 2025

Parnaíba em Ebulição: Prefeito e 17 Vereadores Sob Investigação do Ministério Público por Votação a Portas Fechadas e Gastos Milionários

A política parnaibana está mergulhada em um dos maiores escândalos recentes. O Ministério Público do Estado do Piauí instaurou um procedimento investigativo para apurar denúncias graves envolvendo o prefeito Francisco Emanuel (PP) e 17 vereadores da Câmara Municipal. As acusações incluem suspeita de troca de favores, votação de projetos a portas fechadas, manobras orçamentárias bilionárias e contratos milionários que levantam questionamentos sobre a transparência da atual gestão.

O procedimento, registrado sob o processo nº 002866-369/2025, é conduzido pelo promotor Antenor Filgueiras Lobo Neto, da 1ª Promotoria de Justiça de Parnaíba. No centro da investigação está a aprovação do Projeto de Lei Complementar nº 02/2025, enviado em regime de urgência pelo prefeito e votado de forma nada convencional: longe dos olhares da população e da imprensa.

Votação às Escondidas

O projeto foi discutido e aprovado dentro do gabinete do presidente do Legislativo, sem transmissão ao vivo e sem a presença de jornalistas ou representantes da sociedade civil. Até mesmo o presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Parnaíba (SINDESERM), Leandro Lopes, foi barrado.

Dos 19 vereadores da cidade, apenas dois se recusaram a votar: Fátima Carmino (PT), que se absteve, e David Souraes (PV), que não participou da aprovação. Os outros 17 parlamentares votaram favoravelmente, em meio a suspeitas de que reuniões anteriores — tanto na Câmara durante o dia quanto no gabinete do prefeito à noite, no dia 2 de abril — já haviam “alinhado” o resultado da votação.

Três dias após o episódio, surgiram nas redes sociais denúncias de que um vereador teria exigido 144 portarias como contrapartida, revelação que gerou forte reação e nervosismo entre os parlamentares citados.

Do Orçamento Limitado ao “Cheque em Branco”

As desconfianças aumentaram no dia 30 de julho de 2025, quando a Câmara aprovou, por ampla maioria, um novo projeto que elevou a suplementação orçamentária de 8% para 26%. Segundo a vereadora Fátima Carmino, essa mudança significou, na prática, liberar mais de R$ 1 bilhão para a Prefeitura.

Na prática, os 17 vereadores que apoiaram o primeiro projeto voltaram a votar a favor, desta vez concedendo ao prefeito liberdade para manusear R$ 260 milhões sem precisar de nova autorização do Legislativo. Para críticos, a medida equivale a assinar um “cheque em branco” para o gestor gastar como quiser.

Fontes afirmam que pode ter havido troca de favores envolvendo empregos para familiares e aliados políticos dos vereadores. O prefeito justificou o pedido alegando que os recursos autorizados no início do ano já haviam se esgotado, mesmo estando apenas no sexto mês de gestão.

Licitações Suspeitas e Gastos Estratosféricos

A série de denúncias contra Francisco Emanuel não para de crescer. Entre os episódios recentes:

Caminhonete de luxo: O prefeito teria utilizado uma Toyota Hilux avaliada em R$ 300 mil, comprada à vista por uma empresa que, até abril de 2024, era de sua propriedade. O veículo foi registrado no nome de um primo de 21 anos, levantando suspeitas sobre ocultação de patrimônio.

Licitação de R$ 2,4 milhões para compra de balas, doces e bombons  suspensa após denúncias da imprensa.

Contrato de R$ 8,7 milhões para contratação de caminhões-pipa, publicado no mural do TCE-PI.

Licitação de R$ 32 milhões para aquisição de mobiliário para a Prefeitura.

Esses valores, somados, geram críticas sobre a chamada “gastança” da administração, especialmente diante de outras necessidades urgentes da cidade.

Risco de Cassação

Se as investigações confirmarem irregularidades, tanto o prefeito quanto os vereadores envolvidos poderão responder por improbidade administrativa. Isso pode resultar na cassação dos mandatos, perda dos direitos políticos e, eventualmente, ações judiciais criminais.

A população de Parnaíba acompanha o caso com crescente indignação. Nas redes sociais, multiplicam-se as cobranças por transparência, prestação de contas e respeito ao processo legislativo.

Enquanto isso, o Ministério Público segue reunindo provas e ouvindo testemunhas. 

A cidade aguarda, atenta, para saber se este será mais um escândalo político abafado ou se, finalmente, haverá responsabilização.

OUTRO LADO

Nossa reportagem não conseguiu contato com o prefeito nem com o presidente da Câmara Municipal.
Mantemos o espaço aberto para eventuais esclarecimentos.

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