O município de Parnaíba pode enfrentar, nos próximos meses, uma das maiores crises políticas de sua história. O Tribunal de Contas do Estado do Piauí (TCE-PI) investiga um possível esquema de irregularidades em contratos milionários das áreas de saúde e educação, e já comunicou o Tribunal de Contas da União (TCU) sobre indícios que podem levar à atuação da Polícia Federal.
As apurações envolvem diretamente o prefeito Francisco Emanuel Cunha Brito (Progressistas) e servidores ligados ao Fundo Municipal de Saúde. Segundo relatório preliminar da auditoria, foram identificados contratos sem licitação, emergências fabricadas, direcionamento, além da participação de empresas com histórico criminal e indícios de fraude.
A auditoria do TCE-PI aponta que apenas quatro contratos emergenciais da saúde somam R$ 3.978.105,62(três milhões, novecentos e setenta e oito mil, cento e cinco reais e sessenta e dois centavos), todos firmados sem licitação e sob justificativas de urgência para aquisição de medicamentos, insumos hospitalares, materiais odontológicos e fórmulas especiais.
Os contratos investigados são:
367/2025
388/2025
440/2025
602/2025
Contudo, os auditores concluíram que a própria gestão municipal provocou a situação de emergência, ao não realizar o planejamento adequado das compras e atrasar propositalmente as licitações, criando artificialmente o cenário que justificaria contratações diretas.
Contrato que “não existe” preocupa auditores
Entre os casos mais graves está o contrato 388/2025, firmado com a empresa W2 Comércio de Medicamentos, no valor de R$ 1.214.350,32(um milhão, duzentos e quatorze mil, trezentos e cinquenta reais e trinta e dois centavos). De acordo com o TCE-PI, esse contrato não aparece em nenhum sistema oficial da administração pública — uma irregularidade considerada gravíssima.
Além disso, os auditores identificaram que duas empresas diferentes usam o nome “W2”, possuem o mesmo endereço e atuam no mesmo ramo, mas têm CNPJs e sócios distintos. O TCE-PI suspeita de uma possível empresa-espelho, mecanismo típico de esquemas de ocultação de irregularidades e lavagem de contratos públicos.
Como os recursos utilizados são provenientes do SUS, o TCE-PI notificou o TCU, que deve pedir apoio da Polícia Federal para aprofundar as investigações. Dependendo do avanço dos fatos, o Tribunal de Contas pode solicitar o afastamento do prefeito e de servidores ligados ao esquema, para evitar interferências na apuração.
Além da saúde, contratos da educação também já foram suspensos devido a suspeitas de irregularidades.
Emancipada em 1844, Parnaíba nunca teve um prefeito cassado por corrupção. Com 181 anos de história, o cenário de 2025 pode marcar um episódio inédito: a possível cassação de um gestor por envolvimento em esquemas fraudulentos.
As investigações conduzidas pelo TCE-PI e pelo Ministério Público confirmam que o momento político do município é crítico.
Uma fonte sigilosa afirmou que a Câmara Municipal de Parnaíba está sendo monitorada pelos órgãos de controle. A avaliação é que há omissão dos vereadores, que mesmo cientes das denúncias e dos desmandos na gestão, não abriram nenhuma investigação interna.
Os legisladores, eleitos para fiscalizar o Executivo, são acusados de “deixar as coisas correrem frouxas”, o que tem gerado forte insatisfação popular.

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