Moradores da região conhecida como Piscinão já não escondem o cansaço, a revolta e, principalmente, a desconfiança diante das novas promessas feitas pelo poder público para resolver o histórico problema dos alagamentos. Em meio à proximidade do ano eleitoral de 2026, a população teme estar diante de mais um capítulo do velho roteiro político: promessa em época de eleição e abandono depois do voto.
“Esse discurso é antigo. Todo ano de política é a mesma conversa. Dizem que agora vai, que vai resolver, mas a gente só acredita vendo”, desabafou uma moradora da área atingida, que há anos convive com casas invadidas pela água e prejuízos constantes.
Outro morador foi ainda mais direto ao apontar a incoerência do cronograma anunciado. Segundo ele, o início das licitações estaria previsto apenas para 09 de fevereiro de 2026, justamente em pleno período chuvoso, quando o Piscinão já estará novamente debaixo d’água. “Como é que vão começar licitação quando a gente já está sofrendo com alagamento? Isso não fecha”, questiona.
De acordo com as informações repassadas à comunidade, a obra será financiada pelo Governo Federal e executada pelo Governo do Estado do Piauí, enquanto o Município ficaria responsável por ações sociais, incluindo o aluguel social para as famílias retiradas da área de risco. É exatamente nesse ponto que mora uma das maiores desconfianças.
Os moradores afirmam que até acreditam na participação do Governo Federal e do Estado, mas não confiam que o Município cumpra sua parte, especialmente no pagamento regular do aluguel social. “Conversa bonita a gente já cansou de ouvir. Se não tiver casa alugada de verdade, em local digno, isso vai virar mais sofrimento”, disse um mais um morador.
A indignação cresce ainda mais quando, segundo os moradores, o prefeito grava vídeos e divulga o projeto como se a obra fosse exclusivamente da Prefeitura. “Todo mundo sabe que não é. É dinheiro federal e do Estado. A Prefeitura só tem que fazer a parte dela, que é garantir moradia digna para as famílias, não jogar o povo debaixo de quadra ou em improviso”, criticam.
A população é clara: só vai acreditar quando ver máquinas trabalhando, e mais ainda, quando isso acontecer antes das eleições de outubro. O temor é que a obra até comece, mas seja interrompida no meio do caminho com a desculpa do período eleitoral, o que, segundo os moradores, enterraria de vez qualquer esperança.
“Se começar e parar, acabou a fé. A gente não aguenta mais promessas enquanto a água entra dentro de casa todo ano”, resume uma moradora.
Enquanto isso, o Piscinão segue como símbolo do abandono, da repetição de discursos e da descrença popular. Para quem vive na área, não basta vídeo, anúncio ou promessa: ou a solução sai do papel agora, ou 2026 será lembrado apenas como mais um ano de promessas jogadas na água.
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