Um caso grave envolvendo a administração municipal de Ilha Grande do Piauí passou a ser apurado pelas autoridades após uma servidora pública relatar ter sido alvo de “ameaça”, “intimidação” e de uma suposta “tentativa de agressão com veículo”, fatos que teriam ocorrido após ela apresentar denúncias de “supostas irregularidades” na atual gestão municipal.
O secretário municipal de Administração e Fazenda, Antônio Defriso Ramos Farias, conhecido como Tony Farias, foi citado pela servidora como o suposto autor das condutas relatadas. O caso ganha maior repercussão pelo fato de a prefeita do município, Marina Brito, ser tia do secretário, circunstância que, segundo a denunciante, levanta questionamentos sobre “possível favorecimento” e “blindagem política” dentro da gestão.
A servidora Maria José Lima dos Santos compareceu na manhã desta segunda-feira (22/12) à Delegacia da Polícia Civil de Parnaíba, onde registrou um Boletim de Ocorrência (B.O.). No relato formal, ela afirma que o secretário “teria jogado o carro em sua direção”, numa conduta que, segundo a denunciante, configuraria “intimidação”, supostamente motivada pelas denúncias que vinha realizando sobre “contratos milionários” e “irregularidades administrativas” atribuídas ao gestor.
Ainda conforme o registro policial, a vítima foi orientada a retornar para dar entrada em um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO). Posteriormente, a servidora também registrou outro boletim de ocorrência na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher, igualmente relacionado aos fatos narrados.
De acordo com a denúncia, os registros deram origem a procedimentos investigatórios, que deverão apurar a conduta do secretário, inclusive com base em “mensagens printadas” apresentadas pela servidora. Em uma das conversas anexadas ao procedimento, o secretário “teria se apresentado como autoridade”, afirmando que poderia “dar voz de prisão” contra a denunciante. Em outros trechos, segundo o relato, há referências consideradas pela vítima como “ameaças” e “menções à violência contra a mulher”, circunstâncias que passaram a ser analisadas pelas autoridades competentes.
Além do caso policial, Tony Farias já figura em apurações no Ministério Público do Estado do Piauí (MPPI) relacionadas a “suposta evolução patrimonial incompatível” com os rendimentos do cargo público. Entre os pontos levantados nas denúncias estão a “aquisição de imóveis”, a existência de “uma loja de veículos” localizada na Avenida Gerardo Ponte Cavalcante, nº 1500, no bairro João Souza, e a empresa R&F Empreendimentos e Consultoria Comércio e Serviços Ltda, registrada em seu nome, com capital social declarado de R$ 1 milhão.
Segundo os denunciantes, no endereço informado da empresa funcionaria, na prática, uma revendedora de veículos identificada como RF Veículos, fato que, segundo eles, “merece apuração quanto à compatibilidade patrimonial e à origem dos recursos”.
De acordo com levantamento do Portal do Águia, antes de assumir a Secretaria de Administração e Fazenda de Ilha Grande, Tony Farias ocupava cargo comissionado na Prefeitura de Buriti dos Lopes, durante a gestão do ex-prefeito Júnior Percy, recebendo, à época, remuneração equivalente a um salário mínimo. Ainda segundo a apuração jornalística, “não havia indícios de patrimônio elevado” antes de sua nomeação para o cargo atual.
Além do MPPI, as denúncias relacionadas a “supostos desvios”, “irregularidades contratuais” e “aplicação de recursos públicos” estão sendo encaminhadas ao Tribunal de Contas do Estado do Piauí (TCE-PI), ao Tribunal de Contas da União (TCU) e ao Ministério Público Federal (MPF), que deverão analisar os fatos no âmbito de suas competências.
Diante da gravidade dos relatos — que envolvem “ameaça”, “intimidação”, “suposta violência” e “suspeitas de irregularidades administrativas” — cresce a expectativa por medidas dos órgãos de controle, incluindo a análise de eventual afastamento cautelar, caso seja considerado necessário para garantir a regular apuração dos fatos.
OUTRO LADO
A reportagem ressalta que todas as informações relatadas são objeto de investigação, não havendo, até o momento, decisão judicial ou administrativa definitiva. O espaço permanece aberto para manifestação da Prefeitura de Ilha Grande e do secretário Antônio Defriso Ramos Farias.
📌 O Portal do Águia segue acompanhando o caso.

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